O caipira está belo e folgado, pescando à beira de um rio, quando aparece um sujeito desesperado.
— Ei, amigo! O senhor não viu por aí uma mulher loira, de camisa azul e saia amarela?
— Ora, vi sim senhor! Passou aqui inda agorinha!
— Puxa, graças a Deus! Então ela não deve estar longe, né?
— Tá não! Principalmente hoje, que a correnteza tá fraquinha, fraquinha...
***
E perguntaram ao caipira:
— O que você faria, se ganhasse sozinho 50 milhões da Mega-sena?
— Eu ia pagar umas dívidas.
— Sim, mas e o resto?
— Ah! O resto que espere, uai!
***
O mineiro, observando o engenheiro com o teodolito.
— Dotô, pra que serve esse treco aí?
— É que vamos passar uma estrada por aqui. Estou fazendo as medições.
— E precisa desse negócio pra fazê a estrada?
— Sim, precisa! Vocês não usam isso pra fazer estradas?
— Ah não, homi. Aqui, quando a gente qué fazê uma estrada, a gente sorta um burro e vai seguindo ele. Por onde o bicho passá, é o mió caminho pra fazê a estrada.
— Ah, que interessante! E se vocês não tiverem o burro?
— Bem, daí a gente chama os engenhero.
***
O caipira entra na loja de ferragens e pede uma tomada.
— Você quer uma tomada macho ou fêmea?
— Sei não, seu moço. Eu queria uma tomada pra acender a luz, num é pra fazê criação!
***
O caipira foi a Brasília. Como lá não há esquina, resolveu atravessar uma daquelas avenidas monumentais. Veio um Porsche em alta velocidade, e quase atropelou o pobre coitado. Cem metros adiante, um deputado grita de dentro do carro:
— Caipira filho da mãe, não enxerga?!
O caipira, assustado por ter quase sido atropelado, ficou mais assustado ainda, pensando como o cara tinha adivinhado que ele era caipira. Teria sido pelas roupas? Assim, foi a uma das lojas mais caras de Brasília para se produzir. Comprou um terno Armani, óculos ray-ban legítimo, sapatos italianos, pulseira de ouro, um Rolex, e tudo o mais que pudesse lhe dar um status significativo. Sentiu-se, enfim, extremamente sofisticado. Voltou para o mesmo ponto e foi atravessar a rua, mas outro Porsche quase o atropelou. O carro pára a uns cem metros, e outro deputado grita:
— Paulista filho da mãe, até parece caipira!!
***
Dicionário mineirês-português
Ispía só qui trem engraçadimais! Prestenção...
PRESTENÇÃO – É quano eu tô falano iocê num tá ovino.
CADIQUÊ? – Assim, tentanu intendê o motivo.
CADIM – É quano eu num quero muito, só um poquim.
DEU – O mez qui “di mim”. Ex.: Larga deu, sô!
SÔ – Fim de quarqué frase. Qué exêmpro tamém? Óia: Cuidádaí, sô!
DÓ – O mez qui “pena”, “cumpaxão”: “Ai qui dó, gentch”.
NIMIM – O mez qui in eu. Exempro: Nóóó, cê vivi garrado nimim, trem! Larga deu, sô!
NÓÓÓ – Num tem nada qui vê cum laço pertado, não! O mez qui “nossa!”. Vem de Nóóó-sinhora!
PELEJANU – O mez qui tentanu: Tô pelejanu cuêsse diacho né di hoje!
MINERIM – Nativo duistadiminnss.
UAI – Uai é uai, sô! Uai!
ÉMÊZZZ?! – Minerim querêno cunfirmá.
NÉMÊZZZ?! – Minerim querêno sabê si ocê concorda.
OIAQUI – Minerim tentano chamá atenção prarguma coizz.
PÃO DI QUEJU – Iosscêis sabe! Cumida fundamentar qui disputa cum tutu a preferença dus minêro.
TUTU – Mistura de farinha di mandioca (ô di mio) cum fejão massadim. Bom dimais da conta, gentch!!..
TREIM – Qué dizê quarqué coizz qui um minerim quizé! Ex: “Já lavei us trem!”; “Qui trem bão!”.
NNN – Gerúndio du minerêis. Ex: “Eles tão brincannn”; “Cê tá innn, eu tô vinnn”.
PÓ PÔ – O mez qui pó colocá.
POQUIM – Só um poquim, pra num gastá muito.
JISGIFORA – Cidadi pertin du Ridijanero. Cunfunde a cabeça do minerim que pensa qui é carioca.
DEUSDE – Desde. Ex: “Eu sô magrelin deusde rapazin!”.
ISPÍA – Nome popular da revista VEJA.
ARREDA – Verbu na form imperativ (danu órdi), paricido cum sai. “Arredaí, sô!”.
IM – Diminutivo. Ex: lugarzim, piquininim, vistidim, etc.
DENDAPIA – Dentro da pia.
TRADAPORTA – Atrás da porta.
BADACAMA – Debaixo da cama.
PINCOMÉ – Pinga com mel.
ISCODIDENTE – Escova de dente.
PONDIÔNS – Ponto de ônibus.
SAPASSADO – Sábado passado.
VIDIPERFUME – Vidru de perfume.
ÓIPROCÊVÊ (ou OPCV) – Óia pra você vê.
TISSDAÍ – Tira ISS daí.
CAZOPÔ – Caixa de isopor.
ISTURDIA – Otru dia.
PRONOSTAÍNO? – Pra onde nós tamo indo?
CÊ SÁ SÊSSE ONS PASS NASSAVASS? – Você sabe se esse ônibus passa na Savassi?
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Um mineiro comprou uma câmera digital e levou para seu sítio. Chegando lá, mostrou aquela novidade para todos. Nunca ninguém tinha visto algo igual, e ele propôs:
— Pessoar, todo mundo pra perto da cerca de arame farpado ali, que eu vou tirá uma foto.
Programou o temporizador e correu pra junto de todos. Quando os outros o viram correr, saíram correndo também, alguns se rasgando na cerca. Então ele pergunta:
— O que aconteceu, uai?!
E a tia responde, com as duas orelhas penduradas:
— Se ocê que conhece esse negócio ficou com medo, imagina nóis, que num conhece.
***
Um avião, cheio de deputados e senadores, caiu numa mata em Minas Gerais. Um mineirinho que viu a queda foi até o local e enterrou todo mundo. No dia seguinte, um helicóptero que procurava o avião desaparecido, ao ver os destroços, pousou.
— Onde estão as pessoas que estavam no avião?
— Uai, sô! Interrei tudo.
— Mas não podia, pois eram políticos importantes. E não tinha nenhum vivo?
— Óia! Inté discunfiei que tinha, e gritei: Tem arguém vivo aí? Uns déis levantô a mão.
— E onde eles estão?
— Uai! Interrei anssim mermo, pruque du jeito que político mente... Num creditei em ninhum deles.
***
Um empresário viajava pelo interior. Ao ver um peão tocando umas vacas, parou para lhe fazer algumas perguntas:
— Acha que você poderia me passar umas informações?
— Claro, sô!
— As vacas dão muito leite?
— Qual que o senhor quer saber: as maiáda ou as marrom?
— Pode ser as malhadas.
— Dá uns doze litro por dia.
— E as marrons?
— Também uns doze litro por dia.
O empresário pensou um pouco, e logo tornou a perguntar:
— Elas comem o quê?
— Qual? As maiáda ou as marrom?
— Sei lá, pode ser as marrons!
— As marrom come pasto e sal.
— Hum! E as malhadas?
— Também come pasto e sal!
O empresário, sem conseguir esconder a irritação:
— Escuta aqui, meu amigo! Por que toda vez que eu pergunto alguma coisa sobre as vacas, você me pergunta se quero saber das malhadas ou das marrons, sendo que é tudo a mesma resposta?
— É que as maiáda é minha!
— E as marrons?
— Também!
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Humildade mineira
Três paulistas, querendo contar vantagem pro mineirim:
1º paulista: Eu tenho muito dinheiro... Vou comprar a Belgo Mineira.
2º paulista: Eu sou muito rico... Comprarei a Fiat Automóveis.
3º paulista: Eu sou um magnata... Vou comprar a Usiminas.
E os três ficaram esperando o que o mineiro ia falar. O mineirim deu uma pitada no cigarro de palha, engoliu a saliva, fez uma pausa e disse:
— NUM VENDO!
E pronto, uai!!
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